" Viver é uma aventura, viver é um risco. A vida é um processo de busca de conhecimento. A vida arrisca e experimenta [...]. A predisposição para correr riscos está indissoluvelmente associada à procura de um mundo óptimo. No entanto, também está dependente do desafio do meio ambiente. A vida busca problemas, e a existência de problemas é importante para o êxito; a inexistência de problemas pode originar uma estagnação. Podemos constatá-lo nos "fósseis vivos", portanto em seres vivos que desde há muitos milhares de anos não se modificaram, porque vivem num nicho ecológico óptimo e não tinham qualquer motivo para se transformarem. Um "fóssil vivo" encontrou desde os tempos primitivos um espaço vital em que se manteve sem concorrência. Daí que se tenha conservado sem alteração até hoje. Vejamos: para que a evolução avance, é necessário que se opere um jogo com vários componentes; e é necessário que os nichos ecológicos mais profundos se encontrem ocupados para que a vida procure e encontre nichos superiores e mais difíceis. Quando falamos de "superiores", não devemos também esquecer que o nosso cérebro, que realiza estas valorações, é ele próprio um produto de evolução [...]. Desde o princípio, provavelmente através da selecção darwiniana, que a vida busca um mundo melhor. Em princípio tudo é possível. A vida espera, a vida trabalha como se tivesse a esperança de encontrar um mundo melhor , de encontrar melhor nichos ecológicos . As plantas e animais estão prontos a arriscar a aventura de um novo nicho ecológico. E aqueles que tomam esta iniciativa atingem, através da selecção, um nível superior. O seres vivos sem iniciativa, sem curiosidade, sem fantasia têm de lutar pelos nichos ecológicos já ocupados; aqueles, porém, que têm a iniciativa, têm à sua disposição nichos ecológicos novos e inventados. [...] Viver é, pois, uma aventura. Correm-se riscos para dispor de novas oportunidades".Popper & Lorenz
